quinta-feira, 19 de junho de 2014

Cresce o femicídio na Paraíba sob o olhar complacente do governo Ricardo Coutinho

Cresce o femicídio na Paraíba sob o olhar
complacente do governo Ricardo Coutinho
Antonio Radical

    
Antonio Radical pré-candidato a governador
   Matéria publicada pelo “Jornal da Paraíba” na edição desta quinta-feira, 19 de junho de 2014, revela o espantoso crescimento do assassinato de mulheres na Paraíba. Segundo dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública e do Centro 08 de Março, 242 mulheres paraibanas foram assassinadas nos últimos 24 meses. Isso representa cerca de 10 mulheres assassinadas por mês, pelo menos uma a cada 3 dias.

      Esse crescimento espantoso e absurdo do femicídio em terras tabajaras revela, por um lado, o avanço da consciência machista em nossa sociedade, apesar da existência de uma lei que deveria punir tal atitude – a lei Maria da Penha -. Por outro lado, revela também a inoperância e incompetência do Estado, no sentido não só de garantir a segurança pública – no caso, das mulheres paraibanas -, como também de criar políticas públicas para este fato crescente na Paraíba, segundo os dados oficiais. Importante registrar o significado do termo aqui empregado para caracterizar a escalada da violência contra as mulheres, femicídio. Segundo o site jurídico www.jusbrasil.com.br, femicídio é a morte de pessoas do sexo feminino, diferenciando-se do termo feminicídio, que segundo a mesma fonte, significa a morte de mulheres por motivação política. 

      Há anos que nosso Estado situa-se como um dos que mais matam nossas mulheres. Na maioria dos casos, pra variar, tais crimes se dão dentro de casa, através de “companheiros” dessas mulheres que, por motivos banais, acham-se no direito de tirar a vida dessas mulheres. O dado mais espantoso de tudo isso é que a imensa maioria dos casos NÃO tem apuração, nem suave nem rigorosa, estando a maior parte desses assassinos livres e soltos, obtendo assim do Estado uma “senha” para continuar matando mulheres. Um dos casos mais emblemáticos desse período é o assassinato da professora da UEPB, Bríggida Rosely de Azevedo Lourenço, morta em seu apartamento na capital pelo seu “companheiro”, o fotógrafo Gilberto Lyra Stuckert Neto.
      Para combater o machismo, é fundamental a junção de duas coisas: educar nossas crianças e jovens desde cedo para a percepção de que deve-se respeitar a vida das pessoas, em primeiro lugar, e aliado a isso, fazer com que estas compreendam que a mulher tem um local de destaque em nossa sociedade e que ela, assim como qualquer ser humano, deve ser RESPEITADA. Mostrar como se deu o surgimento do machismo ao longo da história e como combatê-lo com medidas práticas também é muito importante. Além disso, é preciso estabelecer medidas legais rígidas em relação ao femicídio e fazer com que estas não apenas sejam cumpridas como se ofereçam as condições para que a lei possa ser cumprida.
      Este é o maior problema da aplicação da lei Maria da Penha não apenas na Paraíba como no resto do nosso país. Na Paraíba, não se conta nos dedos de uma mão o número de casas abrigo para as mulheres vítimas de violência. Como promover a defesa integral dessas mulheres agredidas? No Brasil, a situação não é diferente. O governo do PT, em que pese ter eleita a primeira mulher presidente de nosso país e de defender a aplicação da lei Maria da Penha, não investe recursos suficientes para se criar uma mínima rede de assistência às mulheres vítimas de violência.
      O que assistimos em nosso Estado é a construção de políticas públicas para as mulheres que se restringe à criação de atos festivos durante o mês de março de cada ano. Para percebermos a “imensa preocupação” do governo Ricardo Coutinho com as mulheres vítimas de violência, no orçamento de 2013 (dados do TCE/PB), foi investido na rubrica “ATENDIMENTO JURIDICO ESPECIALIZADO ÀS MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA” a generosa quantia de R$ 600, cerca de R$ 50 por mês. Acreditem se quiser!!!  
      A lição que fica deste quadro absurdo implantado em nosso Estado, sob o olhar conivente do “governo socialista” de Ricardo Coutinho é que não há saída para a situação da mulher sob a sociedade capitalista em que vivemos. Esta sociedade se mantém às custas da exploração e opressão da mulher, garantindo assim a reprodução do capital. Deve-se criar políticas públicas que, ao mesmo tempo em que ofereçam uma relativa melhora do padrão de vida de nossas mulheres, serve também para questionar tais políticas atuais e fazer avançar a consciência socialista. Defendemos propostas que possam fazer avançar o combate ao machismo e à violência contra a mulher.
      A seguir, algumas das propostas que defendemos:
·         Construção de casas abrigo em número suficiente para socorrer de imediato as mulheres vítimas de violência, com formação profissional para as mulheres e garantia de creches e escolas  integrais para seus filhos/as;
·         Construção de campanhas contra o machismo e a violência contra as mulheres, seja na rede pública (escolas, postos de saúde, repartições públicas em geral), como também nas entidades classistas, como forma de fazer avançar a consciência antimachista;
·         Lutar contra a violência policial praticada contra as mulheres, especial as negras. Lembremos o triste episódio contra Cláudia, jovem mulher negra morta pela polícia do Rio de Janeiro e arrastada pela rua, após ter caído do camburão policial;
·         Combate sem tréguas à exploração e opressão da mulher, especialmente em relação à mercantilização do seu corpo, através de produção de cartilhas, desenhos animados, HQ. Estes materiais devem ter como pauta a alienação, a mulher como objeto sexual, trabalhando a mercantilização do corpo da mulher pela mídia e das necessidades criadas pelo capitalismo;
·         Exigir punição rigorosa dos responsáveis pela criação e divulgação de mensagens ofensivas à mulher, tratando-a como objeto sexual ou um ser débil, estúpido e emocionalmente dependente;
·         Exigir punição rigorosa de todos os atos que discriminem a mulher negra, tratando-a como objeto sexual ou um ser inferior;
·         Lutar pelo fim da prostituição, que mantém a moral burguesa e explora o corpo feminino;
·         Lutar contra a violência policial em relação às mulheres em situação de prostituição;
·         Combater a exploração sexual infanto-juvenil;
·         Denunciar as parcerias promovidas pelo governo federal com os governos estaduais e municipais de políticas de incentivo ao turismo sexual e, consequentemente, ao avanço da prostituição em nosso país;


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